Por António Torrado
Era o mais pequeno da escola e chamavam-lhe Polegarzinho. Ele, que era Paulo de nome, não gostava. Com razão. E, sempre que podia, repontava:
- Sou Paulo, ouviram, seus idiotas?
Isto era dito com cara de poucos amigos. Na verdade, não tinha nenhum. Os mais altos e os menos altos embirravam com ele, porque se dizia que o Paulo Polegarzinho tinha mau feitio.
Claro que se fossem eles a ser alcunhados de Polegarzinho, Minorca, Meia Leca, não haviam de gostar.
Até que apareceu na escola um outro menino do tamanho do Paulo, se não mais pequeno ainda.
A professora perguntou-lhe:
- Como te chamas?
- Mindinho, minha senhora - respondeu o moço, a rir.
Toda a aula se riu com ele. Até a professora.
O Mindinho, que também se chamava Pedro, era um miúdo feliz. À sua volta, espalhava alegria. Só de olhar para ele, um pitorrinho remexido e sempre risonho, ficava uma pessoa bem- disposta. Nem se reparava se era ou não o mais curto da aula.
O Paulo Polegarzinho que, a princípio, o achava uma migalha insignificante, ainda mais baixo do que ele, começou a chegar-se ao recém-vindo, com uma invencível curiosidade, daquelas de carregar o sobrolho.
- Tu não te importas de ser Mindinho? - perguntou-lhe o Polegarzinho.
Estava à vista que não se importava. Até tirava partido.
- Sou o Mindinho - dizia ele -, mas estou a estudar para fura-bolos. E tu, ó Polegarzinho, não queres vir a ser o Meu Vizinho?
O Paulo Polegar queria, mas acanhou-se. Ainda esteve um tempo a observar o parceiro, a avaliar-lhe os dons que o tornavam o mais popular da aula.
Acabou por alinhar no jogo. Quando um dos altarrões lhe perguntava:
- Como é que se está aí em baixo, Polegarzinho?
- Mal, muito mal - respondia ele.
- Porquê?
- Porque, aqui em baixo, sei que cheiras mal dos pés e tu, aí em cima, não dás por isso.
Com estas e outras saídas, foi desarmando os mais matulões. E, se havia bulha, fintava-os com mais ligeireza do que muitos pesos-pesados.
Mindinho e Polegarzinho cresceram, mas o pulo que o Polegarzinho deu dele para fora, esse é que foi importante.
Graças ao exemplo do Mindinho, descobriu que, a rir, conseguimos sempre saltar por cima de nós próprios.
- Sou Paulo, ouviram, seus idiotas?
Isto era dito com cara de poucos amigos. Na verdade, não tinha nenhum. Os mais altos e os menos altos embirravam com ele, porque se dizia que o Paulo Polegarzinho tinha mau feitio.
Claro que se fossem eles a ser alcunhados de Polegarzinho, Minorca, Meia Leca, não haviam de gostar.
Até que apareceu na escola um outro menino do tamanho do Paulo, se não mais pequeno ainda.
A professora perguntou-lhe:
- Como te chamas?
- Mindinho, minha senhora - respondeu o moço, a rir.
Toda a aula se riu com ele. Até a professora.
O Mindinho, que também se chamava Pedro, era um miúdo feliz. À sua volta, espalhava alegria. Só de olhar para ele, um pitorrinho remexido e sempre risonho, ficava uma pessoa bem- disposta. Nem se reparava se era ou não o mais curto da aula.
O Paulo Polegarzinho que, a princípio, o achava uma migalha insignificante, ainda mais baixo do que ele, começou a chegar-se ao recém-vindo, com uma invencível curiosidade, daquelas de carregar o sobrolho.
- Tu não te importas de ser Mindinho? - perguntou-lhe o Polegarzinho.
Estava à vista que não se importava. Até tirava partido.
- Sou o Mindinho - dizia ele -, mas estou a estudar para fura-bolos. E tu, ó Polegarzinho, não queres vir a ser o Meu Vizinho?
O Paulo Polegar queria, mas acanhou-se. Ainda esteve um tempo a observar o parceiro, a avaliar-lhe os dons que o tornavam o mais popular da aula.
Acabou por alinhar no jogo. Quando um dos altarrões lhe perguntava:
- Como é que se está aí em baixo, Polegarzinho?
- Mal, muito mal - respondia ele.
- Porquê?
- Porque, aqui em baixo, sei que cheiras mal dos pés e tu, aí em cima, não dás por isso.
Com estas e outras saídas, foi desarmando os mais matulões. E, se havia bulha, fintava-os com mais ligeireza do que muitos pesos-pesados.
Mindinho e Polegarzinho cresceram, mas o pulo que o Polegarzinho deu dele para fora, esse é que foi importante.
Graças ao exemplo do Mindinho, descobriu que, a rir, conseguimos sempre saltar por cima de nós próprios.
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